Amigos disseram, um médico diagnosticou, uma quiromante previu e a mãe - não por palavras, porque já não as falava, mas pela solidez dos seus cem anos - confirmou que ele chegaria fácil, muito fácil, aos noventa. Isso foi há cinco meses. Ontem, depois de semanas achacado por doenças e mal-estares, com o fígado repentinamente frágil e o baço irremediavelmente arruinado, além de uma tenaz obstrução pulmonar, ele sentiu que seria a última noite de sua vida e imaginou, como vingativo consolo, o que diriam todos aqueles que vissem ter errado - e errado por uma calamitosa diferença de dezenove anos -- seus prognósticos.
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