Toda manhã, antes de tomar o café, assinalava, numa folhinha em que aparecia uma garota sardenta brincando com quatro alegres cachorros, sua disposição heroica de por mais um dia se manter imune aos apelos do coração e não ligar para a mulher com quem havia rompido. Naquela manhã, já estava saindo de casa quando percebeu que não havia feito a marca diária. No primeiro momento, ele achou aquilo um sinal de que talvez nem precisasse mais de perseverança para esquecer aquele amor. Depois, retardando os passos, como se caminhasse para ser executado na forca, foi com um lápis incerto e quase desobediente que ele voltou para fazer a marca na folhinha.
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