Chorando passava as noites e, ajudado pela insônia, as madrugadas. Durante o dia, na rua ou no trabalho, chorava também. Julgou que chorava por amor. Com o passar do tempo, se lhe perguntassem, talvez já nem soubesse a causa. Chorar havia se tornado um hábito. Houve um tempo em que imaginou que suas lágrimas, em vez de compaixão, despertavam galhofa. Se soubesse que nem isso elas mereciam, que ninguém na cidade sequer suspeitava o que ele sofria no décimo andar, tão propício ao salto, talvez chorasse mais. Era um tolo.
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