sexta-feira, 2 de julho de 2010

Lírica (148) - Os gatos

Cada dissabor amoroso a levava a pegar na rua o primeiro gato transviado e a carregá-lo para o apartamento. Estava com quarenta anos quando, numa festa em casa, com todos os gatos na sala - as crias das crias das crias -, apagou as velinhas e disse: "Gente, eu sou feliz, tenho mais do que mereço." Seu olhar passeou pelos gatos: "Tenho o Tico, a Lelé, o Tonico, a Teca, a..." Falou de todos com um sorriso e, quando esse sorriso foi se apagando, os parentes souberam que pela sua memória passavam certo Tiago, certo Célio, certo Márcio, certo..."

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