quarta-feira, 21 de julho de 2010
Lírica (224) - A amiga
Disse uma vez à amiga, e não estava mentindo, que passava todas as horas de todos os seus dias e todos os dias de sua vida pensando nela. Isso foi há algum tempo. Como às vezes ocorre com os amores, mesmo com os maiores, esse, o deles, teve um desvio, depois outro, e de repente estava completamente fora do rumo. As culpas não tiveram mais desculpas, os erros não foram mais tolerados e os desentendimentos não encontraram mais compreensão. Hoje, se fosse ouvir a voz do antigo orgulho - esse ressentido sentimento que plantou entre eles a primeira discórdia -, ele telefonaria e diria que não pensa mais nela todas as horas de todos os seus dias e todos os dias de sua vida. Mas estaria mentindo. Pensa, continua pensando, embora sua vida já não mereça esse nome, a não ser pela recordação da extinta felicidade.
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