Subitamente, percebeu como havia sido tolo, como havia sido crédulo, como havia confundido os sonhos com a realidade. Estava já chegando ao fim do caminho no qual imaginara poder encontrar o amor, e sangravam-lhe os pés, e o sol queimara o sal de suas lágrimas, e a lua lhe imprimira no rosto o sinal dos melancólicos. Ele sabia, já, que no final do caminho só encontraria a mesma solidão com que o havia iniciado, mas não parou de andar. Parar seria assumir uma maturidade que ele não desejava. Continuou andando, em cada passo sentindo-se, mais e mais, o menino tolo que era e vendo, em cada novo metro inutilmente percorrido, que ser ingênuo e puro era a grandeza que lhe restara.
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