Desceu do metrô, subiu a escada rolante, entrou na livraria, passou os olhos pelas estantes, escolheu dois livros, e tudo isso seria natural, se não tivesse morrido alguns meses antes. Como só ele sabia da própria morte, o caixa recebeu seu dinheiro, pôs os livros numa sacola, desejou-lhe uma boa tarde e se pôs a imaginar quantos anos ainda ficaria ali, vendendo livros seis dias por semana, sem que nada de extraordinário acontecesse, a não ser uma vez em que seus colegas disseram ter visto um cliente levar uma bastonada, justamente na sua folga.
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