Rio, nasceste há séculos e, segundo os livros, conduziste embarcações que decidiram uma guerra, e regaste a terra que alimentou os homens e fizeste nascer flores para alegrar os olhos de todos e para compor os buquês das noivas. Mas tua maior glória, rio, foi aquela, vinte anos atrás, em que certa Leonora deixou cair dentro de ti uma folha de caderno na qual escrevia um poema. Eras considerado morto nessa época, mas já naquele dia, rio, começaram a ser vistos em tua água brilhos prateados que alguns disseram ser palavras e que, na semana seguinte, revelando-se peixes, foram o símbolo de tua ressurreição.
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