Daqui a alguns anos, farão uma reforma no café. Tudo será mudado, expandido, melhorado. Mesas novas substituirão aquelas em que se apoiaram cotovelos sonhadores e em que mãos fixaram desenhos em guardanapos. Outras xícaras hão de reluzir e quem entrar aspirará o ar com satisfação: ah, como ficou bonito, isto aqui. As vozes das atendentes soarão mais juvenis, porque as velhas funcionárias, reprovadas pelo tempo, não estarão mais lá. Talvez um senhor, um só, um daqueles impertinentes velhos de bengala, olhe de fora e, depois de ter os olhos umedecidos por uma lembrança, resmungue alguma coisa e resolva não entrar.
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