Depois de morto, entrarei na Cultura da Paulista todas as manhãs, como se trabalhasse ali, e ficarei até o final do expediente. Acompanharei leitores até as estantes e, com sussurros, como convém a um fantasma, indicarei livros. Com o tempo, eles se acostumarão comigo e ficarão esperando as sugestões. Alguns dos funcionários também, às vezes, me pedirão ajuda. Serei tão benquisto que, quando desejar, poderei ficar lá dentro depois de fechadas as portas, conversando com fantasmas dos escritores que admiro, naqueles momentos entre o fim da noite e o início da madrugada em que, embora poucos saibam, os livros de fato se abrem com todos os seus prodígios.
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