Morrer por amor lhe parecia tão glorioso que toda manhã, ao acordar, ele acrescentava no calendário mais um dia aos tantos em que já estava longe da amada e, doendo-lhe embora essa marcação como um punhal enterrado no peito, dava-lhe a alegria de acreditar que esse ritual e mais o jejum a que se entregava havia uma semana iriam fazê-lo enfim ter a ventura de ser encontrado, talvez ainda naquele dia, romanticamente morto na cama, com a derradeira carta de amor e renúncia nas mãos.
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