Cada dia saía mais cedo da cama. Dizia ter a obrigação de acordar o sol. Ninguém da família discordava. Seus oitenta anos impunham respeito. Às quatro, sozinho, ia para a varanda, sentava-se e punha-se a olhar o céu, murmurando. Só podiam falar com ele depois que o sol aparecia. Então, satisfeito com a missão mais uma vez cumprida, ia tomar café. Na manhã em que a família viu o sol brilhando na rua e não viu o velho, soube logo o que havia acontecido. Ele não acordara o sol e o sol não o acordara.
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