sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Lírica (804) - Pés

Ninguém lhes dá atenção, mas eles é que a fazem girar em torno do sol e caminhar sob a lua e as estrelas, como mais um legítimo e talvez até mais raro fenômeno da natureza. Por isso é que, antes de se deitar, ela, sentada na cama, passa entre eles as mãos agradecidas e deixa entre os dedos um sopro, quase um beijo, um acalanto para que descansem e de manhã estejam outra vez prontos para a doce fadiga de lhe conduzir a beleza.

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