Exaltaste a vida e enalteceste o amor porque era hábito entre os poetas. Vida e amor sempre foram objetos poéticos, como as naturezas-mortas para os pintores. No fundo, sempre soubeste que a vida e o amor eram as duas faces de uma moeda: o engodo. Mas dedicaste a esse falso ouro suas rimas e versos. Teu consolo é que não foste o único. Outros - todos maiores do que tu - têm propagado a todos os ventos essa cantilena, por séculos e séculos, e os que ainda não estão sob a terra logo estarão, calados de vergonha e com o peito cheio de imerecidas e inúteis rosas.
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