O homem escolheu as três palavras: escroto, puto, maldito. Na madrugada seguinte, quando o guarda-noturno se recolhesse à guarita, ele as escreveria com prazer e ódio no muro da esquina, dentro de um coração toscamente desenhado. Por alguns dias os moradores se perguntariam, alvoroçados, a quem eram dirigidas aquelas palavras. Depois de várias conjecturas, não se chegaria a nenhuma conclusão, e as chuvas iriam borrando as letras, até que o incidente fosse esquecido. Só o homem furtivo que as havia pintado sabia, mas jamais diria a ninguém, que as três palavras eram uma maldição lançada contra seu maior desafeto, aquele que desgraçara sua vida: o amor.
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