Pura, minha infância.
Não tive prima que me iniciasse
No canto escuro do porão
Não tive empregada que me usasse
Não tive mão safada
Seguindo a imaginação.
Quanto aos meninos
Troquei com eles
Figurinha, pião,
Sopapo, bolinha,
Sem etc.
Vivia simples
Sem saber que em mim crescia
A flor de angústia, a flor de sangue
Dilacerada depois
Dia a dia
Pelos dentes podres da madrugada.
Eu nem pressentia então,
Mas a morte já me reservava.
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