Comprou na papelaria uma caixa de lápis de cor, pegou uma folha e, com capricho escolar, escreveu um nome de mulher. Retocou, melhorou, esmerou-se na combinação de cores, e depois, como se fosse devoto de uma seita, beijou demoradamente o nome, tendo como única testemunha o sol matinal. Não sabia ainda, mas iria repetir esse ritual por vinte anos, até os sessenta, quando morreu. Estava com quarenta no dia em que, como se fosse um menino, sob o receio de ser denunciado pelo sol, escreveu o nome com a singela magnificência dos doze lápis de cor.
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