Por muitos dias ainda, depois que a moça se atirou dali, havia sempre grupos no Viaduto do Chá que apontavam o lugar de onde ela saltara. Alguns discordavam quanto ao local exato, andando três passos para a direita ou para a esquerda, ou três passos para a frente ou para trás. Eu imaginava o pulo tresloucado, ouvia de novo a história da moça, cuja foto vira no jornal, e me arrepiava ao pensar que o amor pudesse fazer alguém atirar-se para o nada, voando por um instante sobre o tumulto dos carros lá embaixo - um instante que talvez não lhe houvesse sido suficiente para gritar pela última vez o nome do amado.
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