Acordava rodeado de palavras. Elas exigiam que ele as usasse, juntasse, lhes desse a vida que cada uma, sozinha, dizia não ter. Ele era subjugado por elas desde a primeira claridade do dia até a entranhada treva da madrugada. Quando, febril e exausto, se entregava ao sono, o silêncio zombava dele e da sua incapacidade. E às vezes até as palavras, as mesmas que logo depois o despertariam novamente para lançá-lo no seu tormento diário, escarneciam também dele e se enroscavam afinal como queriam, e se entrelaçavam, e se fundiam, em frenéticas bacanais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário