Dediquei minha vida à literatura. Parece pomposo isso, e é. Um pipoqueiro jamais diria isso, porque um pipoqueiro, assim como um sorveteiro ou um vendedor de cachorro-quente, não foi contaminado pela grandeza artificial das palavras. Eles não sofrem crises existenciais, não se entregam a longos monólogos e não sabem o que são fluxos de consciência. Eu sofro, eu me entrego, eu sei. Mas jamais sentirei a alegria descomplicada de ver um garoto se afastar sorridente, levando um tesouro na mão, em troca de uma moedinha. Sou um escritor. Dediquei minha vida à literatura. Que tesouro posso dar a alguém em troca de uma moedinha?
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