Palavras, só palavras, ela murmurava enquanto lia os poemas que ele havia feito para ela nas madrugadas de desesperada insônia. Palavras, só palavras, ela pensava enquanto ele tentava, quando caminhavam, dar a cada palavra - árvore, sol, vento - um significado e uma entonação tão intensos que pudessem enfim comovê-la. Palavras, palavras, só palavras foi o que ele lhe ofereceu sempre, quando ela ansiava pelo retumbar da música, pelo calor das pessoas e dos objetos, pelo alarido da vida. Ele continuou com as palavras, continua com elas. Ela ele não sabe onde está. Suas palavras, como sempre, não podem alcançá-la.
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