Ao sol não revela nunca o que lhe vai na alma. Sorri, até, e, se usasse chapéu, talvez fizesse com ele um amistoso aceno, para completar a farsa. Mas à noite, livre de olhares e das cobranças de ser o que lhe impuseram, sozinho na imensidão da casa, instiga a alma a se exibir como é. Descobriu que ela, quando supliciada, toca violino, e toda noite agora a atormenta para ouvir aquele som agudo e lancinante, aquelas notas que o fazem chorar e sentir-se um homem até o momento em que, surgindo o sol, as ruas começam a se encher de gritos, assobios, risos debochados, palavras rudes e cusparadas.
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