Eu te olharei
como um vândalo
olhando
uma vitrine espatifada
No meu rosto
haverá uma inábil
insinuação de desculpa
e minha boca
uma frase desenhará
(não sei o que me deu)
que logo também
se esgueirará
Tu me olharás espantada
e começarás a recolher
o que cinco minutos antes
eram delicadas joias
um sorriso
uma palavra amiga
um gesto
um abraço
Eu te olharei
e outra frase me virá
mas também essa não direi
Há uma beleza
pensarei
que mãos bárbaras
mesmo tocando-a com maciez
ou mesmo não a tocando
só podem destroçar
Chorarás talvez
e por ter
aprendido a lição eu
nessa beleza
a dos teus úmidos
e desencantados olhos
não tocarei
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