Toda manhã, entre as sete e as sete e meia, o sol senta num galho da ameixeira e espera. É a hora em que a garota, depois de vestir a saia escolar azul-marinho, abre a janela e boceja langorosamente para o quintal. Se ela não aparece nesse horário, por estar atrasada ou por ser domingo ou feriado, o sol perde a paciência e pede a um passarinho que vá acordá-la. O passarinho, sempre o mesmo, tão impaciente quanto o sol, além de cantar como se fosse um bando inteiro, bica a madeira da veneziana. Já dura três anos essa paixão do sol e, vista de longe, a veneziana verde pontilhada pelo bico do pássaro parece uma tela impressionista.
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