Estiveste lá - ontem, hoje, quando? Para a memória é sempre hoje, e ela jamais se esquece de nenhum detalhe daquela manhã, nem dos aparentemente mais banais. A mesinha do café é miraculosamente a mesma, os frequentadores também, com as mesmas roupas, e alguém às minhas costas diz uma palavra que soa como russa e que mantém seu mistério em cada nova evocação. Meu saquinho de açúcar sempre esparrama alguns grãozinhos no pires antes de acertar o centro cálido da xícara e este é um instante que eu sempre aproveito, como agora, para me esquivar do feitiço dos teus olhos e transferi-lo para os teus dedos, sob o pretexto de censurar minhas desastradas mãos.
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