quinta-feira, 30 de junho de 2011
Épocas
Nos dias de sol pleno, tinha olhos só para os frutos que se ofereciam no caminho. E enterrava neles seus dentes jovens. Mordia um, e o rejeitava, provava outro, e o desdenhava, e enchia a trilha de pedaços cuspidos que os passarinhos vinham comer. Num tempo em que o sol já não se mostrava tão soberano, ele deixou de olhar para os frutos e começou a sentir o hálito das flores. E colhia uma aqui, outra acolá, e as deixava atrás de si, como se fossem indignas de figurar entre as conquistas de um guerreiro. Hoje, sentado melancolicamente à frente de sua casa não visitada pelo sol, olha para as folhas secas que o vento lhe traz, mas não as apanha - não porque não queira, mas porque suas mãos frias já não conseguem.
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