Mais duas folhas de relva, exemplos da embriagadora beleza dos versos de Walt Whitman e das reflexões que provocam. O primeiro trecho parece dirigido a quem vê a vida como mera matéria-prima das artes:
"Pensou que a paisagem ganhou substância e forma só pra poder ser pintada num quadro?
Ou que homens e mulheres existem só pra que se escreva sobre eles, pra virar canções?
Ou que a atração da gravidade e as grandes leis e combinações harmoniosas e os fluidos aéreos existem só pra sábios terem assunto?
Ou que a terra seja marrom e o mar azul pra caberem em mapas e cartas?
Ou que as estrelas se configurem em constelações só pra receberem nomes esquisitos?"
A segunda folha fala de como podemos nos enganar sobre os verdadeiros valores da vida:
"Quando uma universidade for mais convincente que o cochilo de uma mulher ou uma criança,
Quando o ouro na caixa-forte sorrir como a filha do guarda-noturno,
Quando títulos de garantia folgarem na cadeira oposta e forem meus adoráveis companheiros,
Vou querer pegá-los com minha mão e fazer deles o que faço com homens e mulheres."
(Folhas de Relva, tradução de Rodrigo Garcia Lopes, editora Iluminuras.)
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