sábado, 18 de junho de 2011
O sobradinho amarelo
Toda manhã, conforme a receita, o sol esparrama uma pitada de ouro nas árvores e nas flores do parque, remarca a pista de cooper e amorna a torneira na qual dali a pouco irão beber os meninos e as meninas a caminho do colégio. Aquece também os ninhos dos pássaros e os bancos onde irão se sentar os namorados. Depois de cumprir o que tem a fazer no parque, ele começa a percorrer as casas da rua. Só em uma, um sobradinho amarelo, ele não entra. Respeita a dor de uma mulher que, por amar demais sem ser amada, há três meses vive com todas as janelas fechadas, lendo e relendo uma carta de vinte palavras, tentando a cada vez não acreditar no que elas, no entanto, em toda nova leitura continuam a lhe dizer.
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