quinta-feira, 9 de junho de 2011
"Paisagem com Dromedário", de Carola Saavedra
Tantos livros há agora, disponíveis em tantos meios e sob tantas formas, e no entanto continua difícil encontrar um que você, imediatamente depois de o ler, tenha vontade de indicar ao seu amigo mais constante, à sua mais querida amiga. Aconteceu comigo hoje o prodígio de pegar um livro ao meio-dia e só deixá-lo seis horas depois, no ponto-final. Livro sem prestidigitações nem exibicionismos, sem carpintarias, mostrando que os melhores truques continuam a ser os mais simples, e o mais simples de todos ainda é contar sem muita premeditação uma boa história. "Paisagem com Dromedário", de Carola Saavedra, publicado pela Companhia das Letras em 2010, me encantou esta tarde e eu gostaria de dividir a descoberta com os leitores do blog. Transcrevo um trecho, para dar ideia do brilho sem artifícios de Carola. Falando da morte dentro do conceito da arte da escultura, a narradora-protagonista diz: "... gosto de pensar que dentro da pedra já está a morte, e na vida apenas a esculpimos, até encontrar o seu formato único, aquele que nos aguardava, adormecido numa casa protetora, um casulo. A morte talvez seja apenas isso, algo que espera pacientemente, dentro de um bloco de barro, de mármore, de pedra, que no decorrer da vida, com nossos instrumentos e nossas armas, nos aproximemos."
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