Exibo-me para ti como se fosse um menino. Escrevo poemas, declamo, faço poses, falo de coisas que desconheço. Quero que tu me olhes. Quando tu me olhas, eu, como se fosse mesmo um menino, tenho vontade de chamar-te de tia, e te chamaria, se algo que em mim se mexe sorrateiro não bradasse: incesto. Gostaria de, acompanhando-me ao piano, cantar para ti, de te dedicar uma canção. Gostaria de saltitar, de sapatear, mas estou cansado, já não me aguento bem nas pernas e, se não choro, é porque não quero que venhas pôr a mão em minha cabeça e me chamar, ainda que carinhosamente, de meu velhinho, meu velhote.
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