Ele tem os olhos tão mansos, fala tão baixo e procura ser tão doce, que é fácil gostar dele, como um bibelô que alguém compra e coloca à frente dos outros, na sala, porque pareceu tão gracioso na loja e, como fazem os gatinhos do pet shop, suplicou tão comoventemente com os olhos. Depois de um mês, ele já não chama a atenção, é posto atrás de todos os outros e ninguém jamais se lembrará dele, embora continue tão doce e tão carente. Ficará no fundo, ninguém o verá, porque não sabe miar como os gatinhos do pet shop, e seu destino de ostracismo só mudará quando a inábil mão de uma empregada esbarrar nele e espatifá-lo, como se espatifam todas as mansidões e doçuras da vida.
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