Até os dez ou doze anos, eu tremia de pavor ao ouvir de minha mãe histórias de ciganos que pegavam meninos desobedientes e os levavam embora, sumindo com eles pelo mundo. Aos catorze, depois de uma crise doméstica cujos detalhes já nem lembro, arrumei às escondidas uma sacola com roupas e comida e saí, ansioso para desaparecer. Não surgiu nenhum cigano para me arrastar e me vender a algum dono de circo (dizia-se que essa era uma prática comum). Voltei para casa, como é fácil imaginar, e renunciei assim a uma carreira de trapezista, palhaço ou malabarista que talvez não tivesse muito sucesso, mas decerto evitaria o nascimento de tantos textos ruins...
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