domingo, 25 de setembro de 2011
O adeus à rosa
Sabe que o marido a está observando e balançando a cabeça, como sempre faz nessas ocasiões, como sempre faz nessas ocasiões em que ela é toda sentimento.. Pode adivinhar a frase que ele está resmungando ("coitada, é louca"), mas nem por isso se apressará no triste trabalho de envolver a rosa no papel celofane. Ela merece isso. Irá para o lixo, mas com dignidade. Não é mais possível recuperá-la, está estraçalhada, chegou o momento de botá-la fora, mas desse último ritual, de acondicioná-la com carinho e dizer-lhe ternas palavras, não abrirá mão, não importa quanto o marido balance a cabeça e resmungue. Amanhã ele contará aos amigos que ela levou dez minutos preparando uma rosa, como se fosse uma menina morta, para depois colocá-la no lixo. Uma rosa de plástico, ele acentuará, de plástico, e balançará a cabeça: "Coitada, é louca").
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