Um som pavoroso veio do rio, um uivo agudíssimo, um guincho aflito como o de um porco apunhalado. Meu amigo e eu corremos para lá e soubemos, pelas pessoas aglomeradas, que um cachorro tinha acabado de se afogar. Mas o uivo não era do animal, era do dono que, dando a impressão de querer arrancar as próprias orelhas, ensaiava um novo grito, talvez ainda mais terrível. Meu amigo, com uma compostura que só os grandes espantos nos ensinam, disse: "É a vida." Eu, para também dizer alguma coisa, comentei: "É a morte." Nós tínhamos catorze anos.
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