Era uma apoteose de frutos. Ramos carregados, árvores ameaçando desabar, uma explosão de cores, perfumes, doces tentações. Olhamos para tudo com desdém, era pouco para nós. Demos uma mordidinha condescendente, outra tediosa, e fechamos os olhos para o ouro que fulgurava nos galhos. Dormimos, e os passarinhos, com a urgente fome dos gafanhotos, e os espantalhos também, mancomunados com eles, despiram as árvores que, secas como esqueletos, balançam os braços e gritam, agitadas por um vento que as chicoteia como se fossem elas as grandes pecadoras, as culpadas pelo cenário de miséria e desolação.
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