domingo, 4 de dezembro de 2011
Conversa com Neusa
"Foi uma noite só, nunca mais pus os olhos nele, Neusa. Me deixou de barriga e sumiu. Meu Bruno hoje está com catorze anos, é alto e forte, graças a Deus. Eu ralei todo esse tempo, só eu sei quanto. Só não virei bolsinha. Hoje a coisa melhorou. Sou quituteira e vendo coxinhas e empadinhas no bairro. O que eu ganho é pouco, mas eu vou levando. O Bruno, coitado, é que faz as entregas, quando não é horário da escola. E sabe o que ele faz, Neusa? Com aquele tamanho todo, passa por baixo da catraca do ônibus, com as bandejas, quando o cobrador é legal. Outro dia uma bandeja abriu e voou coxinha pra todo lado. Se você visse como ele voltou chorando. Ele tem bom coração, o meu menino. Claro que isso não veio do pai, aquele safado que eu nunca soube onde se enfiou."
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