sexta-feira, 20 de janeiro de 2012
Na grama, entre as árvores
Estava no banco da frente do carro da dona, como duas vezes por semana ocorria, quando ela ia visitar a mãe, e repentinamente se encontrou sozinho num lugar cheio de grama e árvores. Viu o carro se afastar e correu atrás dele por algum tempo. Começou então a jornada de volta. Imaginava como a dona estaria desesperada sem ele, ela que chorava por qualquer coisa e ultimamente estava esquisita, porque sua barriga crescera. Ele, um gato caseiro, enfrentou a fome, o frio, atravessou ruas, avenidas e, seguindo aqui um cheiro, ali um ruído que parecia familiar, na terceira noite estava arranhando a porta da casa. "Tico, você voltou", exclamou a mulher, deu-lhe uma tigela de leite e, pegando-o no colo, entrou no carro e, chorando, pôs-se a dirigir para dentro da noite. Nos três quilômetros que ele havia levado três dias para percorrer ela gastou três minutos e ele se viu novamente sozinho, na grama, entre as árvores.
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