"Por baixo, por baixo", mandou a mãe, e a menina, de uns doze anos, arrastou-se com seu vestido por baixo da catraca. As pernas compridas ficaram por um momento à mostra e o cobrador olhou para elas com cobiça. A palavra tesão se formou em seus lábios e ele apalpou furtivamente a calça. Ao chegar ao outro lado, arrastando-se, a menina tinha no rosto duas lágrimas de humilhação. E nem sabia que em seu vestido, atrás, havia uma mancha escura, no ponto em que o tecido cor-de-rosa limpara a marca de tantos pés matinais.
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