Amanhã ou depois
daqui a três
dias ou um mês
ele estará morto
e ela
não correndo mais
o risco
de ser vista com ele
em lugar nenhum
até agradável
achará a lembrança
dos dias em que
baixava a cabeça
quando pressentia
a presença
de um amigo próximo
ou uma prima distante
nas imediações
Livre de precisar
simular amor
ela até o sentirá
de vez em quando
como se sente
por um bibelô
quando ele
finalmente se quebrou
irremediavelmente
e não se pode mais
ver quão desengonçado
era com aquele esparadrapo
colando suas metades
Trazida agora
pela memória
a voz dele
não parecerá
tão desagradável
e ela
que não suportava
quando lhe perguntavam
agora gostaria
que lhe perguntassem
por ele
para dizer enfim
quantas qualidades
ele tinha
que lindos poemas escrevia
como conhecia
todos os truques da crase
e todos os títulos
dos livros
de Philip Roth.
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