Eu estava na Avenida do Cursino, no início de um quarteirão ocupado por dezenas de pequenas lojas de autopeças. A manhã estava feia e chuvosa, mas nem pensei em reclamar de nada, porque à minha frente ia uma mulher dessas que costumamos chamar de inesquecíveis. Quando ela passou diante de uma das lojinhas, a chuva engrossou e os dois homens que estavam na porta entraram apressados. Mas, antes, um disse: "Que maravilha! Melhor que o sol, é ou não é?" Achei justo o elogio. Só uma mulher como aquela poderia despertar a poesia num homem simples. "Ô, bem melhor!", respondeu o outro. E o primeiro, para meu desapontamento, concluiu: "Veio na hora certa. Ninguém estava mais aguentando o calor."
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