Já me doeste mais. Já me supliciaste, me martirizaste, me crucificaste. Que saudade eu tenho desse tempo, daquelas agonias. Que pena eu não ter morrido, que triste eu ter sobrevivido, ter sido poupado para viver esta meia-vida, na qual meu martírio maior é imaginar que amanhã eu possa sentir que me dóis ainda um pouco menos que hoje. Ah, queres saber? Esquece tudo que leste, a quem eu quero enganar? Bem sabes que estou mentindo, bem sabes que a cada dia eu sofro mais e abençoo cada espinho, cada farpa, cada cravo que enterras em meu corpo ávido de os receber.
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