A poesia, pura e inalcançável dama, o olha do alto, da lua. Ele sabe que ela o vê, e ergue os olhos mais uma vez. Quem sabe hoje ela lhe dê algum sinal de reconhecê-lo. Enquanto isso, ele se ocupa desviando-se aqui e ali das migalhas de ouro falso que, para atraí-lo, as raparigas da noite deixam escapar de suas bolsinhas. Ele não presta atenção a elas. Continua olhando para cima, para a lua, mas, se a Dama o vê, é ainda com desdém. No entanto, ele sabe que a alguns, uns poucos e afortunados, ela permite que a apalpem, como se fosse uma das raparigas que persistem em apregoar suas quinquilharias, com suas vozes de dentes postiços.
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