sábado, 12 de maio de 2012
Sem toques, sem palavras
Houve um tempo, não muito distante, em que, quando caminhava pelo parque, eu parava às vezes diante de um canteiro de flores, tocava uma ou outra e, se não houvesse por perto quem pudesse me chamar de bizarro ou maluco, conversava uns minutos com elas. Não direi que elas me contavam as histórias segredadas pela brisa, porque estaria mentindo, mas admito que lhes contei algumas, todas tendo como tema o meu triste amor. Fui notando, com o tempo, que elas, ao contrário das outras, dos outros canteiros, definhavam, como se lhes faltasse água e sol. Não fui ao parque por uma semana. No dia em que voltei, pensei que estivesse diante de outras flores: eram, de todas, as mais belas. Não as toquei nem elogiei. Fingi nem tê-las visto e, caminhando sem olhar para trás, deixei-as brilhar ao sol, como uma majestosa dádiva.
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