sexta-feira, 22 de junho de 2012
Animal jovem
Deu de sonhar todas as noites com depravações. Não há enredo nos sonhos, só orgias das quais, depois de dar conta de dezenas de mulheres, acorda como uma casa desmoronada. Reúne seus escombros, admira-se sempre de não ter marcas de chicote e de bocas pelo corpo e, quando chega ofegante ao banheiro e se olha no espelho, para fazer a barba, sorri um sorriso de vampiro doente. Nunca leva para os sonhos esse rosto acabado, esses olhos mortiços, essas mãos que pegam trêmulas o aparelho de barbear, esses lábios murchos. Esse rosto ele levará ao escritório, onde o chamam de senhor e onde ninguém imagina que à noite, no seu quarto, com a luz apagada, ele se transforma num animal jovem diante do qual fêmeas formam uma fila impaciente e se dilaceram enquanto aguardam a vez.
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