sexta-feira, 1 de junho de 2012
Bablá
No colo do pai, o menino de dois anos passa por uma árvore e diz bablá, por um canteiro de flores e diz bablé, por um pombo e diz babló. Os dois vão até o extremo do parque e começam a voltar. O menino, atento, diz o mesmo bablá, o mesmo bablé e o mesmo babló para a árvore, as flores e o pombo. Ocorre-me, vendo a cena, que quanto mais numerosos são os sinônimos menos precisas são as definições para tudo. Incapazes de nos nomear, ou ciosos de nos ocultar e de nos dissimular, fazemos o mesmo com todas as coisas, de tal modo que, quando dizemos que uma pedra é uma pedra, quase pedimos desculpas por nossa pobreza de expressão, por dizermos só uma das tantas falsas palavras com que confundimos a noção de pedra. Pudéssemos dizer sempre, dela, pedra, e só.
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