sexta-feira, 1 de junho de 2012
Martha Medeiros, Inês Pedrosa
Confesso, e com que agrado, que tinha sobre Martha Medeiros uma impressão vinda de tudo, menos de conhecê-la. Dela, havia lido alguns textos, pouquíssimos, na internet e, mesmo achando-os muito bons, não quis dar o braço a torcer até ontem, quando em minha querida Biblioteca Amadeu Amaral peguei uma coletânea de suas crônicas, "Doidas e santas", para ver se afinal não tinha em relação a ela aquele velho preconceito de que com Rubem Braga morreu a crônica. Posso dizer já, hoje, que, se morreu, ressuscitou, e em Martha está mais viva do que nunca ou ao menos tão viva quanto sempre. Textos que dá gosto ler, como os melhores que os melhores escreveram. Salve, menina. Com esta saudação, saúdo também os seus leitores que, por saber serem tantos, eu imaginava não poderem corrresponder em qualidade à quantidade (outro desses preconceitos tão fáceis de ter, principalmente quando quem os nutre é um homem dado a ser amargo). Como você lida bem com essas coisas supostamente simples que no entanto nos enredam a vida e são as mais importantes: o diálogo, ou a falta dele, a amizade, o amor. Como é bom ouvi-la dizer, por exemplo, que "pessoas aparentemente especiais se apaixonam por outras aparentemente banais e isso não é um trote, não é uma pegadinha, não é nada além do que é: um inesperado presente da vida, que todos nós merecemos". E como me encantou a citação que você faz de Inês Pedrosa, tirada do livro "Nas tuas mãos", tão sábia, delicada e alentadora: "A separação pode ser o ato de absoluta e radical união, a ligação para a eternidade de dois seres que um dia se amaram demasiado para poderem amar-se de outra maneira, pequena e mansa, quase vegetal." Tardes frias e melancólicas como esta, paulistana até a medula, podem ser salvas por Inês, podem ser perdoadas por Martha.
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