E aqui estou eu, de novo, para falar de Martha Medeiros e seus textos, um conhecimento tardio que leva já um jeito de amor. É notável a simplicidade aguda com que ela fala de coisas do nosso cotidiano, como neste texto (de "Doidas e santas") em que ela trata do silêncio e do poder que ele dá a quem o usa nas relações amorosas. Vítima desse poder, eu senti em cada palavra, outra vez, a carne ferida e a alma pisada. Citaria o texto inteiro, mas acredito que o bom-tom e até normas legais me impedem. De qualquer forma, aqui vai a essência dele, em três momentos:
"Já fui de esconder o que sentia, e sofri com isso. Hoje não escondo nada do que sinto e penso, e às vezes também sofro com isso, mas ao menos não compactuo mais com um tipo de silêncio nocivo: o silêncio que tortura o outro, que confunde, o silêncio a fim de poder manter o poder num relacionamento."
(...) "Falar o que sente é considerado uma fraqueza. Ao sermos absolutamente sinceros, a vulnerabilidade se instala. Perde-se o mistério que nos veste tão bem, ficamos nus. E não é esse tipo de nudez que nos atrai."
(...) "Libertar uma pessoa pode levar menos de um minuto. Oprimi-la é trabalho para uma vida. Mais que as mentiras, o silêncio é que é a verdadeira arma letal das relações humanas."
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