É comum, quando estamos na fase de formar um vocabulário, nos apaixonarmos por palavras das quais, depois, nos envergonhamos com a mais rubicunda das vergonhas. Eu me lembro do amor com que abria espaços para um estrambótico advérbio: mormente. Viria a traí-lo mais tarde com palavras tão inconfessáveis quanto outrossim, somenos, malgrado, porquanto, inobstante. Com o tempo, voltei-me para as palavras sóbrias, sempre as mais confiáveis. Mas não garanto que não vá, amanhã ou depois, mostrar entusiasmado afeto por alguma especificidade, algum desdouro, alguns contubérnios ou algumas minigâncias.
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