O amor, como um gato velho, fica sentado comigo na poltrona agora, todos os dias, e dorme. Perdeu o gosto e a disposição para as peripécias de outrora, e noite e dia são para ele só um tempo para o sono. De vez em quando estremece e sei que recorda alguma aventura. Nesses momentos, acorda e exibe as garras há tanto tempo guardadas. Dura dez segundos isso e não chega a me perturbar. Logo volto a rabiscar no bloco estas sensações que são também, como as dele, uma sonolência longa atravessada algumas vezes, felizmente poucas, pela lembrança de um muro saltado à noite, em busca de um cheiro morno.
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