Também eu bebi o vinho em lábios que o ofertavam junto com palavras que enlouqueceriam os marinheiros de Ulisses. Também eu acreditei na verdade do vinho e não me agrilhoei como devia. Saltei ao mar e venci as ondas para gozar aqueles momentos que imaginei infindáveis e que, findos, inocularam veneno em minha alma. Quis morrer, mas nem os vagalhões nem os rochedos me aceitaram. Hei de pagar a minha pena e definhar à vista de todos, para que me tomem como exemplo. Nos lábios que dediquei à luxúria começam a despontar as chagas que hão de tomar todo o meu corpo. Ah, se eu tivesse ouvido a razão, exibiria agora nos pulsos a marca dos grilhões que teriam me salvado.
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